LASQUINÊ!!

Aniversário de minha vó. Chego, aquela reunião de coroas, tios, e primos. A matriarca da família aniversariando, 85 anos. Tá vamos lá. Vários idosos, um sempre se achando o engraçado, soltando piadinhas sem graça "É pavê ou pra cumê?!" "Onde vc comprou essa camisa tinha pra homem?!". Os Tiozões (pra mim os piores), falam com você se achando o "descolado", bate na mão e da um soquinho, tenta falar girias, sempre fora de contexto, nunca se encaixam. Todos esses velhos com sorrisos abertos e bafo de uísque. As mães reunidas em uma rodinha falando besteiras, uma ou outra rodando pra lá e pra cá pra saber se esta tudo bem com todos. Mas ainda não é o foco desse texto. Eis que diante de tudo isso, lá está, ela que nunca falta. A mesinha de camurça, geralmente verde e sob ela as benditas 28 pedrinhas. A dinvindade do DOMINÓ.

-Rodrigooo, vá falar com sua vó!
-Cadê ela mãe?
-Pergunta ao seu tio Jorge.

Esse bendito joguinho. Bendito porque foi criado na China por um "santo" guerreiro. Mentira, bendito porque é muito bom!

Minha tese; vamos lá!
Quanto mais velho, barrigudo e beber cerveja melhor será sua habilidade nesse jogo. Essas características não se aplicam ao taxistas (única exceção). Parece um ciclo, não conheço nenhum coroa que se encaixe nesse perfil e não saiba jogar, e não estou falando de colar pedras.

Quanto mais grossas as pedras forem maior o respeito e prestígio da mesa. Dominó de osso, marfim, ou de mármore significa que se tiver menos de 40 anos não encoste. A briga é boa.

Comecei na facul. Sabia colar pedras, hoje de tanto filar aula de estatística pra ficar na rodinha jogando, acabei viciando e aprendendo. E não é que entre os jovens esse bendito jogo se firmou.

-O professor ja entrou na sala.
-Perai, falta 1 peça pra acabar.
-Bó, bó... que não posso tomar falta. Joga logo!

É um ciclo vicioso, ja me vejo daqui a uns 20 anos, na minha casa de praia, bebendo uísque e dando uma surra nos meus sócios que desistiram do poker pra uma partidinha de dominó.

Há uns 15 dias tava passando pelo centro da cidade e vi uma rodinha de taxistas jogando. Dominó de plástico, coroas, jovens e até uma mulher (quanta ousadia!) participando. Quanto a essa classe não há nada definido, tanto pra quem joga quanto como jogam. Geralmente em pé, e com palitinhos na boca.

Não vou mentir que deu vontade de jogar. Mas só de ver a mulher que estava jogando. Me desculpe a profissional taxista, mas era uma verdadeira buxa de sena!